Abril em Portugal

Como foi antes daquela madrugada?
Como é agora?
Cada um conta a versão de lhe convém,
À medida que o povo contava cada vintém,
Até que um dia
Aquela gente decidiu não ficar parada.

Suprou um vento de mudança,
Que emporrou
Quem hoje chamamos de heróis.
Não se tratava de ser melhor,
Mas sim,
De podermos ser,
Podermos estar,
Podermos viver,
Podermos amar.
Só assim,
Depois de darmos voz
Ao que o coração em silêncio dizia
E pelos nossos direitos lutar,
Fizemos da coragem um movimento
E com sentimento,
Vergar que a nós o fazia.

Foi assim em Abril, em Portugal.
Muito mudou,
E muito há ainda por mudar,
Direitos que apenas em papel
Se fazem parecer,
Há quem com muita palavra
Nos tente manipular.

Ser humano é respeitar
A opinião,
Opção de cada ser
E é ser livre de sua vida viver.

Patrícia Gonçalves

Andorinha

Voa andorinha
Voa,
Essa e a imagem que muitos de ti têm
E do barulho ensurdecedor,
E ao mesmo tempo encantador
que fazes,
Mas há tanto que ninguém vê.

Andorinha
Que voas atrás da primavera,
Batalhadora desde o primeiro voou
Que tanto te custou
Tanta coragem precisaste
E força usaste.

Andorinha
aí andorinha,
Que de tanto voar,
Parece que andar tua cabeça no ar.
Muito lutas-te para cá estares
Contra ventos e adversários
Em teu ninho e pelos ares.

Andorinha
Que do ninho voou,
Pelas cidades
E campos sobrevoou.
A travar desafios e amizades
Para um dia uma família formar,
Seu cantinho conquistar
E por vilas e aldeias
Também cantar.

Andorinha que voas sob cada flor
Misturas o teu preto e branco
Com tanta cor,
Que nossa vida vais pintando.
Numa estação que nos trás
A chuva, o sol e vento,
Essa mistura tela de cores
Vai o nosso dia alegrando.

O tempo vai passando,
Com o teu cantar
E essa palete de cores,
Nos vais animando
E no nosso rosto
Um sorriso desenhando.

Patrícia Gonçalves

Povo

Povo,
Que tanto sofreste pelo que hoje tens direito.
Povo,
Que destes voz e união,
À esperança que muitos traziam ao peito.
Povo,
De força e coragem,
Foram a voz
Do que muitos traziam no coração,
Mas que por medo permaneceram sós.
Povo,
Que lutas-te,
E de amarras nas mãos te ergueste.

Povo de hoje,
Se hoje és livre,
E cada erro pode ser apenas asneira,
Pensa de outra maneira,
Pensa,
Que nem diferente podias ser,
Se em pé querias permanecer.
Pensa
E luta,
Toda a vida tem valor,
E esta liberdade,
Conquistada com muita dor,
Suor
E amor.
Valoriza aos que te ajudaram a ter voz.

Patrícia Gonçalves