Fado

Fado,
Como cresceste…
Como eras e como te tornaste,
Tantas barreiras contornaste.
Muitas da tuas letras foram rejeitadas
Por um estado, que a seu povo,
Deixava as mãos amarradas.

Diz-se ” Teu fado”
Como sinônimo de “tua vida ou destino”,
E no início e durante anos
Eram mais as letras tristes que alegres,
Mas o mundo estava em mudança.
Hoje, não podemos dizer
Que fado seja dança,
Mas tem mais cor e alegria
Que dor e sofrimento
E isso para mim foi um renascer
De um fado
Que nunca se deu por vencido ou acabado.

Fado,
Que tempos difíceis venceste,
Que das cinzas te erguer-te,
Hoje és Património Cultural
E Imaterial da Humanidade,
Foste e és,
Fruto da voz,
Do trabalho e da vontade
De tanta gente,
Que só pedia para ser ouvido
E para viver com dignidade.

Mais animado
Era aquele fado…
O fado corrido,
“A desgarrada”…
Faziam amigos e casais
Cantarem de manhã até à madrugada.

O fado cresceu,
Floresceu,
E uma vida ganhou.
Hoje é cantado
Por todas as gerações,
Mesmos os novos de idade
Sabem velhas canções,
E os avós que da mesma música
Ajudam a fazer novas versões.

O fado é vida,
É emoção,
É experiência vivida
Árdua e sofrida,
Mas também pode ser
Alegria que não cabe no coração,
Que dela faz poesia e canção.

Patrícia Gonçalves

Família

Família
Pode ser quem nos viu crescer,
Quem nos fez gente,
Quem nas nossas quedas nos ergueu
Ou quem ao nosso lado ficou.
Pode ser parente
Ou não,
E morando longe ou perto,
Nem sempre a distância física
É compatível com a emocional,
Porque cada abraço é diferente,
E quando há aquela ligação,
Aí é sensacional.

Há família
Que são parentes,
Há parentes que presentes
E se cria uma relação.
Há família
De prefeitos desconhecidos
Que derrepente ficam nossos amigos
E para a vida seguem conosco.

A vida é feita de relações,
Estas vivem de emoções,
E estás emoções são ritmos de energia.
Em certas alturas da vida,
Será como nas rédeas de um cavalo segurar,
Por isso guia-te pelo que te dá mais alegria
Para que orgulhoso/a de ti possas continuar.

Patrícia Gonçalves

Dedicado a todas as famílias que cujas ligações tremem mas não se desfazem

Rasgo de saudade

Sigo para o trabalho,
Olhando aquela neblina…
Por vezes,
Parece que o tempo veste a nossa alma,
Temos de sossegar
E ter calma.
Todos temos internas tempestades,
Podemos nos chatear,
Zangar,
Temos de priorizar
Quem amamos,
Quem, o nosso tempo, aceitamos partilhar
Para na vida,
À tristeza
Não vivermos amarrados.

Olho o céu,
Me dá aquele rasgo de saudade,
A lágrima caí,
Lembrando momentos partilhados,
E faço aquele sorriso meio embrulhado,
Não é ser forte ou fraco,
Talvez por forças de parte
E comigo ser humilde,
E ser de verdade.

Esse rasgo de saudade
Faz parte
E é bom,
Mas dói…
Todos damos
E deixamos
Nos outros um pouco de nós
Criamos na vida laços
E não nós.

Encontra o equilíbrio na queda
Levanta-te,
Mas se chegares a cair,
Aproveita o impulso
Erguer-te
E segue a sorrir.

Patrícia Gonçalves

Encruzilhada de sentimentos

Os sentimentos…
Danados que são,
Confundem-nos a cabeça e o coração.
Confundem quem se julga forte
E quem se faz de fraco…
Há quem faça jogos de manipulação,
Que brinca com os nossos sentimentos
E emoção.
Pessoas que também sentem
E por mais verdadeiras que sejam
Tudo tem um sabor agridoce.
São um pedaço de mel
Num copo de amargura,
E essa dor na nossa alma perdura.

Confiar ou não,
É uma dúvida,
É uma tortura,
Não quero que moa,
Quero levantar-me,
Seguir,
Erguer-me e poder sorrir.

Não é ou foi segredo o quanto tentei,
Não desisti,
Apenas me priorizei.
Apenas inteira consigo seguir em frente.

Numa encruzilhada de sentimentos entrei,
Foi um labirinto de emoções,
Que me trouxe todo tipo de recordações,
Das boas sempre recordarei,
Das menos boas ficaram como lição
E que não me machuquem mais o coração.

Ass: Patrícia Gonçalves

Não te rendas

Segue,
Por mais que doa,
Acredita em ti,
No que mereces,
És capaz
E no que te satisfaz.

Não baixem os braços,
Arregaça as mangas
E não te rendas,
Baixa o rosto
Apenas para dos olhos tirares a venda.

Render?
O cansaço
moi pernas, costas e braços,
Mas a batalha diária.
Ergo-me
Porque respiro
E se respiro tenho forças para continuar.
Cada passo é um momento,
Vamos aproveitar.

Não me rendo
À dor,
Sou eu que a tenho,
Não me rendo,
À tristeza
Sou eu que a tenho.
Não me rendo,
Porque um dia
Não são dias
E acredito que virão mais alegrias.

Patrícia Gonçalves

À procura de um tema

Procuro um tema
Para escrever um poema,
Para que sinta a vida a fluir
A passar,
Sem deixar de sorrir.

Vivo procurando,
E os desafios superando.
Mesmo com algumas dúvidas surgindo,
Sigo de cabeça erguida sorrindo.

O tempo voa
E o passado
É a experiência que nos veste.
Nem sempre é suficiente
E passamos frio…
Bate um arrepio,
Batemos o dente,
E vestimos um casaco.

Vivemos,
Caímos
E superamos…
Porque o relógio só anda para a frente

Novo dia

Nasce o sol,
Bem além
Na linha do horizonte
Pode ser no final da praia,
Do rio
Ou do mar,
Mas seu brilhar
Também de vislumbra
Num monte ou serra,
Numa terra que viu criar
Minhas raizes.

Nasce um novo dia,
Uma oportunidade se avizinha,
De ser feliz,
De abraçar a vida,
Sem medos
E cabeça erguida.

Solta as amarras que te prendem
Fala,
Grita o que sentes,
O que te vai no peito,
Porque os teus sentimentos não mentem.
Vimos nascer o dia,
Vamos vivê-lo em boa companhia,
Para que em terra ou no mar
Tenhamos sempre alguém para amar
E nos amar.

Patrícia Gonçalves

Depressão

Nos outros
Vejo-a
E até a sinto.
Revejo-me
Em partes da minha vida.
É saber que estou inteira
E ao mesmo tempo partida.
A mente
Criou cordas que me prendem.
As palavras não saem,
Só fragmentos do que está cá dentro,
Sujeito a uma errada interpretação.
As peças encaixam,
mas a ordem está errada.
Sei que tudo passa,
E no banho,
A água leva parte do que me carrega.
Quero estar bem,
Sorrir
E ser feliz.

É de noite,
E numa conversa
Digo o que entendo por depressão.

“Sacana,
De tantas caras,
sorrisos
E até olhares,
Que entre quatro pareces
Se desfazem em água
Soltando a dor que vai no peito”

Será que falo na primeira
Ou terceira pessoa do singular?
Já não sei o pensar…
Na vida dei tropeções,
Também alguns encontrões.
Cai e segui em frente,
Será que já me levantei,
Ergui-me e tombei?

O corpo,
Está moído e cansado,
Mesmo sem nada fazer.
Fecho os olhos e foco-me,
“Ergue-te uma e outra vez
Até os cordeiros se tornarem leões”
Se cai,
Vou-me reerguer.
Em mim tenho o amigo,
Que me ajuda nas qualidades.
Em mim tenho o inimigo,
Que me põe para baixo…
Ora abaixo-me,
Calço-me,
E sigo…
Ao ritmo do vento
E mesmo doendo,
Sigo aprendendo,
E sorrindo ao espelho.
Vendo-me a cara sorrindo,
Talvez faça a alma sorrir.

De certo
Vou descobrindo,
Sorrisos em alguém…
E nesses minha alma sorri.