Aconchego

Quão belo é o teu aconchego…
Que vem dos nossos momentos,
Dos nossos sentimentos,
Que partilhamos sem pensar no tempo
E que o vento não leva nem desfaz.
Ah o teu aconchego só me transmite paz…

Contigo o tempo voa
E como me sinto à toa
Quando o tento parar.
Já o teu aconchego
Me congela o ego
E me sinto a pairar.

O teu abraço é a ternura do meu dia
Que cravado no meu peito
Me alegra com alegria.
No teu colo encontro a felicidade
E amor de verdade.

No teu aconchego encontrei
Tudo o que sempre procurei.
Obrigada por me colorires a vida
Pois esta é uma viagem de ida
E eu quero seguir a teu lado.

Patrícia Gonçalves

Palavras que ferem

Há quem diga que as palavras têm força,
Eu digo que são como objectos,
Que nos entram pelos ouvidos,
E nos ficam entalados
Algures entre a garganta e o coração,
Que nos fere o peito
E nos faz verter lágrimas
De uma triste emoção.

As palavras têm himan
Às nossas feridas mais profundas,
Sabemos que nada muda o passado,
Eu gosto de deixá-lo,
Como não posso alterá-lo,
Decidi de um pouco pragmática,
E mais prática.

Pensar muito por vezes atrapalha,
Mas não pensar…
Sai trapalhada
E a pintura fica burrada.

Há sempre que não dizem “obrigada”,
Ou “desculpa” e não as conseguimos mudar,
Temos de focar-nos em nós
E no nosso modo de agir,
Sou adulta e já tenho muito trabalho
A certas coisas dirigir.

A vida é como um texto…
Podemos falar muito,
Podemos não dizer nada,
Há alturas para tudo
E as circunstâncias
Falem um tagarela mudo
E um tímido falar…

Podemos escrever
Ou falar muito,
Mas muita atenção temos ter
As paragens,
À pontuação,
À respiração,
Porque para tudo há um ponto final.

Patrícia Gonçalves

Novo dia

Nasce o sol,
Bem além
Na linha do horizonte
Pode ser no final da praia,
Do rio
Ou do mar,
Mas seu brilhar
Também de vislumbra
Num monte ou serra,
Numa terra que viu criar
Minhas raizes.

Nasce um novo dia,
Uma oportunidade se avizinha,
De ser feliz,
De abraçar a vida,
Sem medos
E cabeça erguida.

Solta as amarras que te prendem
Fala,
Grita o que sentes,
O que te vai no peito,
Porque os teus sentimentos não mentem.
Vimos nascer o dia,
Vamos vivê-lo em boa companhia,
Para que em terra ou no mar
Tenhamos sempre alguém para amar
E nos amar.

Patrícia Gonçalves

Depressão

Nos outros
Vejo-a
E até a sinto.
Revejo-me
Em partes da minha vida.
É saber que estou inteira
E ao mesmo tempo partida.
A mente
Criou cordas que me prendem.
As palavras não saem,
Só fragmentos do que está cá dentro,
Sujeito a uma errada interpretação.
As peças encaixam,
mas a ordem está errada.
Sei que tudo passa,
E no banho,
A água leva parte do que me carrega.
Quero estar bem,
Sorrir
E ser feliz.

É de noite,
E numa conversa
Digo o que entendo por depressão.

“Sacana,
De tantas caras,
sorrisos
E até olhares,
Que entre quatro pareces
Se desfazem em água
Soltando a dor que vai no peito”

Será que falo na primeira
Ou terceira pessoa do singular?
Já não sei o pensar…
Na vida dei tropeções,
Também alguns encontrões.
Cai e segui em frente,
Será que já me levantei,
Ergui-me e tombei?

O corpo,
Está moído e cansado,
Mesmo sem nada fazer.
Fecho os olhos e foco-me,
“Ergue-te uma e outra vez
Até os cordeiros se tornarem leões”
Se cai,
Vou-me reerguer.
Em mim tenho o amigo,
Que me ajuda nas qualidades.
Em mim tenho o inimigo,
Que me põe para baixo…
Ora abaixo-me,
Calço-me,
E sigo…
Ao ritmo do vento
E mesmo doendo,
Sigo aprendendo,
E sorrindo ao espelho.
Vendo-me a cara sorrindo,
Talvez faça a alma sorrir.

De certo
Vou descobrindo,
Sorrisos em alguém…
E nesses minha alma sorri.